O primeiro caso de assédio sexual no metaverso ocorreu no Horizon Worlds*, plataforma de realidade virtual da Meta (novo nome corporativo do Facebook). A vítima afirma que seu avatar foi “apalpado” por um desconhecido na Plaza, ambiente central deste mundo virtual, e que testemunhas nada fizeram para conter o assédio.
Vivek Sharma, vice-presidente da plataforma, lamentou o incidente e afirmou que há ferramentas para evitar violências, invocando a “Safety Zone” (zona de segurança), um recurso que habilita uma espécie de bolha ao redor dos usuários que visa impedir o contato físico de outros avatares.
A advogada Claudia Patricia de Luna, especialista em violência de gênero e presidente do Elas por Elas Vozes e Ações das Mulheres, entende ser importante a trabalhar a aplicabilidade de garantias e convenções internacionais estabelecidas, protetivas dos direitos das mulheres, no sentido de convidar os desenvolvedores à reflexão sobre a necessidade de um exercício da prevenção nos espaços virtuais. E completa:
“O que a gente vê, neste caso, é uma flagrante desigualdade de gênero e uma naturalização desta violência, que acaba reverberando no mundo virtual. O metaverso é uma reprodução do mundo real. Seria muito importante que estas plataformas pudessem, num compromisso ético, adotado no sentido de respeito incondicional aos direitos humanos e à diversidade, prevenir e realizar campanhas neste mundo virtual, impactando seus usuários. Deve-se dizer que, ali, não será admitido qualquer tipo de violência contra a mulher, e nenhuma atitude de desrespeito, misoginia ou assédio.”
*Horizon Worlds é “um serviço que permite a criação de avatares digitais que podem interagir com os avatares de outros usuários. Toda essa experiência pode ainda ser reforçada com o auxílio de óculos VR, que aumentam a imersão. A plataforma está em testes e foi liberada recentemente para um grupo selecionado de usuários nos Estados Unidos e Canadá, justamente com esses testadores que o episódio aconteceu.”
Por Giselle Villela Maletta
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